A HISTÓRIA DE ALBERTINA

Entre lendas, fé e memórias, descubra as raízes de uma cidade mineira de 3 mil habitantes que resiste ao tempo e encanta a alma.

A Bela Que Deu Nome à Cidade: A Lenda de Albertina

A origem de Albertina, essa pequena cidade mineira cercada por montanhas e natureza, é envolta em um certo ar de mistério e encanto. Não existe um registro oficial, um documento exato que afirme como a cidade surgiu ou por que recebeu esse nome. Mas, como acontece com tantos lugares marcados pela oralidade e tradição, o que não falta são histórias contadas de geração em geração, que ajudam a manter viva a alma de um povo.

Uma das versões mais conhecidas entre os moradores é a da misteriosa Albertina. Reza a lenda que existiu, em tempos antigos, uma mulher incrivelmente bela, de olhos doces e alma simples. Seu nome era Albertina. Ela morava na zona rural do que viria a ser a cidade, em uma casa humilde, vivendo da terra, como tantas outras famílias da roça. Sua beleza, no entanto, era tão extraordinária que chamava atenção de todos ao redor. Rapazes, moças, viajantes, todos comentavam sobre a tal Albertina, e não era incomum que se ouvisse a expressão: “Vou lá ver a Albertina”.

Com o tempo, o local foi ficando conhecido justamente por causa dessa mulher, cuja imagem nunca foi registrada em fotos ou documentos. Ninguém sabe ao certo onde ficava sua casa, ou mesmo se realmente existiu. Mas a lenda permanece viva na memória afetiva da população. E assim, como num sussurro através das décadas, o nome Albertina foi sendo adotado pela comunidade.

Esta imagem foi criada com o auxílio da Inteligência Artificial para representar uma das figuras mais misteriosas e encantadoras da história oral de nossa cidade: a tal Albertina. Não existem registros oficiais, fotografias, ou quem era sua família ou menções em jornais antigos que comprovem sua existência. Tudo o que sabemos vem dos relatos passados de geração em geração — histórias sobre uma mulher de beleza extraordinária, de olhos doces e alma simples, que vivia na zona rural e que encantava todos ao seu redor. Segundo a lenda, foi por causa dela que o lugar passou a ser chamado de Albertina. Pessoas vinham de longe dizendo “vamos lá ver a Albertina”, até que o nome ficou. E mesmo sem provas concretas, a memória dessa mulher continua viva no imaginário popular. Este retrato é uma homenagem visual à força da tradição oral e à beleza das histórias que moldam a identidade de um povo. Uma tentativa de dar forma a uma personagem que talvez nunca tenha existido… ou que tenha vivido apenas nos olhos de quem acreditava em sua existência.

A bela mulher Albertina 2

Entre Fazendas, Imigrantes e Heranças do Tempo: As Raízes do Nome Albertina

Ao lado da lenda, existem também versões históricas ligadas à chegada de imigrantes entre os anos de 1700 e 1800. Famílias italianas, portuguesas e espanholas chegaram à região pelos portos do Rio de Janeiro e de Santos, estabelecendo-se inicialmente em dois pontos extremos do atual município: o Abertão de Cima e o Abertão de Baixo. Esses nomes, segundo relatos, derivam do fato de que essas pessoas “abriam” a mata para construir suas casas e plantações.

Outra teoria curiosa aponta que o nome Albertina pode ter relação com a localização da cidade entre esses dois bairros. Abertão de Cima e Abertão de Baixo estariam nos extremos, e Albertina teria surgido como o “meio” entre os dois, funcionando quase como um sinônimo ou junção simbólica dessas palavras. Há quem diga ainda que o nome veio da sonoridade das expressões usadas pela população: de tanto falarem “Alberto”, nome de Alberto Rios — antigo dono da fazenda que sucedeu o Barão de Alfenas —, a pronúncia acabou se transformando em “aberto”, o que explicaria os nomes dos bairros Abertão de Cima e Abertão de Baixo. A partir dessa ligação fonética e regional, Albertina teria se formado naturalmente no imaginário coletivo.

Esta imagem foi criada com o auxílio de Inteligência Artificial para representar, de forma artística, a chegada de imigrantes espanhóis ao Brasil, nos portos do Rio de Janeiro e de Santos, entre o final do século XIX e início do século XX. Como não existem registros fotográficos ou jornalísticos preservados desse momento específico, esta representação busca traduzir, com sensibilidade e riqueza de detalhes, a emoção, os desafios e a esperança dos primeiros passos desses imigrantes em terras brasileiras. É uma homenagem visual à história daqueles que ajudaram a formar a identidade das pequenas vilas e cidades do interior — como Albertina.

IMIGRANTES ITALINOS PORTUGUES E EUROPEUS ALBERTINA MG

Dentre as propriedades mais antigas da região, destaca-se a Fazenda Serra dos Rios, que pertenceu ao Barão de Alfenas. A casa sede, com mais de 150 anos, conserva ainda parte de sua arquitetura original e objetos históricos. Documentos guardados por antigos proprietários, como Alberto Rios, revelam registros de venda de escravizados, lembrando um passado de dor que não pode ser esquecido. Várias construções da fazenda foram feitas por mãos escravizadas, deixando marcas na memória do local.

Curiosamente, a povoação da cidade não começou pelo centro, como é comum em muitos municípios. Os imigrantes se fixaram primeiro nas extremidades e apenas depois começaram a ocupar a região central. A casa mais antiga da cidade, localizada na vereda principal, pertence à família Riolando e tem mais de 150 anos. Essa casa era ponto de parada para tropeiros, que cruzavam a região levando e trazendo mercadorias. Era ali que descansavam, comiam, trocavam produtos e partilhavam suas histórias.

Esta é a sede da antiga Fazenda Serra dos Rios, pertencente ao Barão de Alfenas, uma das propriedades mais antigas e emblemáticas da região de Albertina. Com mais de 150 anos de existência, a casa preserva sua arquitetura original e guarda um acervo de móveis e objetos históricos em seu interior. Construída inteiramente por mãos escravizadas — como revelam documentos históricos guardados pelo atual proprietários — a edificação carrega cicatrizes de um passado marcado pela dor e pela desigualdade, que jamais devem ser esquecidas. Hoje, a casa passa por um cuidadoso processo de restauração interna, buscando manter viva a memória de tempos que moldaram a história local. Esta fazenda é parte fundamental da origem de Albertina e testemunha silenciosa das transformações que a cidade atravessou ao longo dos séculos.

CASARAO DO BARAO DE ALFENAS ALBERTINA MG

Da Capela de Pedra à Igreja do Senhor Bom Jesus

Foi com a vinda dos italianos que uma nova página religiosa se iniciou: eles trouxeram uma imagem do Senhor Bom Jesus e construíram uma pequena capela, erguida com pedras sobre pedras, sem o uso de cimento ou barro. Apesar de simples, ela exalava charme e espiritualidade. Com o aumento do número de devotos, a capela acabou ficando pequena. Em 1912, José Inácio Diniz doou um terreno para a construção de uma nova igreja. Esse terreno compreende hoje as praças centrais da cidade: a Praça da Igreja do Senhor Bom Jesus e a Praça José Inácio Diniz, onde há uma estátua em sua homenagem.

A segunda capela, maior, foi erguida em 1918. Fotografias de 1920 já mostram a capela ao lado de um coreto, construído em uma praça que tinha formato de bandeira. Curiosamente, não se sabe quem construiu o coreto, que é mais antigo que a própria capela. Em 1954, a capela foi demolida para dar lugar à atual igreja do Senhor Bom Jesus. A demolição começou em julho e, no mesmo ano, em novembro, ocorreu a pré-inauguraçãO da nova igreja, ainda sem a torre. Somente em 1957, a torre e a sacristia foram concluídas.

A religiosidade continuou crescendo e, em 1986, foi construído o Mirante do Cristo, a quase 1.400 metros de altitude. Desde então, toda Sexta-feira Santa, os fiéis realizam uma caminhada de três quilômetros morro acima, passando pelas estações da Via Sacra, em uma expressão viva de fé.

Reconstrução digital em alta definição da segunda Capela do Senhor Bom Jesus, construída após a doação do terreno por José Inácio Diniz. A imagem revela uma arquitetura simples, de estilo rústico com linhas retas e poucas ornamentações. Os poucos detalhes estão nos contornos suavemente arredondados das janelas, da porta principal e do nicho superior que abrigava o sino — ainda visível na imagem. As paredes de alvenaria, com marcas de desgaste e rachaduras visíveis, denunciam o tempo e as transformações que atravessaram o edifício até sua demolição, em 1954. Sobre o telhado, três cruzes discretas se destacam nas extremidades, reforçando o simbolismo religioso da capela. A porta principal e as janelas são de madeira, e já demonstravam sinais de envelhecimento, como o escurecimento do material e a leve deformação nas molduras. Na base da escada, nota-se a estrutura de pedras soltas ao redor, indicando que a demolição já havia sido iniciada quando a foto original foi tirada. O piso frontal mostra um leve desnível de solo, reforçando a rusticidade do local. Essa capela é um importante símbolo da transição religiosa e urbana da cidade de Albertina — um marco entre a fé simples dos imigrantes e a formação do centro urbano atual.

SEGUNDA CAPELA DO SENHOR BOM JESUS ALBERTINA MG

O pedido de Emancipação

Albertina foi emancipada em 1963, após um processo de mobilização popular registrado em fotos da época, com faixas colocada  no coreto da praça escrito “Emancipe Albertina”. Até então, o povoado havia pertencido a Andradas, Jacutinga como distrito e, segundo alguns relatos, quase se tornou parte do estado de São Paulo, pela proximidade com Espírito Santo do Pinhal.

Registro histórico da manifestação popular em favor da emancipação de Albertina, datado de 1958. A fotografia eterniza um momento simbólico da luta pela autonomia do município, com o antigo coreto da praça decorado com uma faixa onde se lê: “EMANCIPE ALBERTINA”, representando o clamor do povo por independência política e administrativa. No cenário, é possível observar a segunda versão da Praça Central, com seus elementos característicos da época: as luminárias redondas sobre postes de cimento, a escadaria na parte baixa da praça, os canteiros bem cuidados com arbustos podados em formas geométricas e árvores baixinhas recém-plantadasAo fundo, destaca-se a Igreja do Senhor Bom Jesus, já em sua configuração atual — com torre lateral, vitrais e fachada imponente, substituindo a antiga capela demolida em 1954. O entorno revela uma Albertina em fase de transição: ruas sem pavimentação, casas simples e a paisagem natural serrana que envolve a cidade Essa imagem é muito mais que uma fotografia — é um marco visual da construção da identidade albertinense, simbolizando o orgulho e o desejo de um povo por escrever a sua própria história.

PROTESTO EMANCIPACAO ALBERTINA 1958

Curiosidades e Lendas de Albertina

A cidade também guarda registros curiosos e encantadores. Por exemplo, os dois canteiros centrais da Praça da Igreja têm formatos simbólicos: um em forma de cruzeiro e outro em forma de cálice. O coreto, além de antigo, possui uma rosa dos ventos e uma bandeira de ferro que gira conforme o vento sopra. Em 1972, a praça já tinha ciprestes e apenas dois bancos e ainda era em formato de bandeira. Moradores contam que era preciso chegar cedo para conseguir sentar.

Outro fato marcante foi a passagem da tocha olímpica por Albertina, em um evento que moradores mais antigos lembram com carinho. Em uma ocasião, um cidadão pegou a tocha na saída da cidade rumo a Jacutinga, e a carregou correndo estrada acima para entregá-la ao próximo corredor. Há ainda lendas urbanas, de noivas misteriosas, cavaleiros fantasmas e ruídos de trens antigos – histórias que se perdem nas curvas da imaginação, mas continuam sendo contadas com brilho nos olhos.

Albertina é assim: um lugar onde cada pedra, cada casa antiga, cada árvore da praça tem uma história para contar. Uma cidade de encantos simples, com uma memória coletiva rica e cheia de vida.

Esse é apenas o começo da nossa viagem pela história de Albertina. Uma história que continua viva em seus moradores, em suas ruas, em suas festas e tradições. E que está sendo resgatada com carinho, para que nunca seja esquecida.

Nota sobre a origem do conteúdo desta página: Todo o conteúdo escrito nesta página sobre a história de Albertina não foi copiado de nenhum lugar da internet ou de registros oficiais genéricos. Cada detalhe foi cuidadosamente reunido a partir de conversas com moradores antigos da cidade, que ainda estão vivos e carregam consigo as memórias vivas do nosso povo, além de pesquisas feitas por professores e estudiosos locais, muitos dos quais já não estão mais em atividade.

Essas informações foram gentilmente compartilhadas comigo, de forma oral e escrita, como parte de um esforço coletivo para manter viva a verdadeira história de Albertina — aquela que mora nas lembranças, nos sentimentos e na voz de quem viveu e vive tudo de perto.

CULTURA DE ALBERTINA

Albertina é uma cidade pequena no tamanho, mas gigante em tradições. Cada celebração, cada costume e cada manifestação cultural carrega séculos de história, fé e pertencimento.

Realizada todos os anos de 1º a 10 de agosto, a tradicional Festa do Senhor Bom Jesus é o maior evento religioso e cultural de Albertina. Com 114 anos de história, essa festa é celebrada com devoção no dia 6 de agosto, reunindo fiéis, famílias e visitantes em um ambiente de fé e alegria. Além das missas, a festa conta com quermesses, bingos, barraquinhas, doces, bolos, roscas e precisões,  peregrinação, mantendo viva uma das mais antigas expressões da identidade albertinense. 

Festa do Senhor Bom Jesus

FEST SENHOR BOM JESUS ALBERTINA

Desde 1986, ano de inauguração do monumento do Cristo no alto da serra, os fiéis de Albertina mantêm viva uma tradição de fé e reflexão: a peregrinação da Sexta-feira Santa. Todos os anos, dezenas de pessoas percorrem cerca de 3 km, partindo da Igreja do Senhor Bom Jesus até o mirante do Cristo, passando por 15 estações da Via Sacra, que simbolizam os momentos da Paixão de Cristo. A caminhada termina na gruta sob o monumento, onde acontece a última oração, unindo fé, emoção e espiritualidade em um dos momentos mais marcantes do calendário religioso local.

Peregrinação ao Cristo
na Sexta-feira Santa

Peregrinacao ao Cristo br na Sexta feira Santa albertina mg

Criada em 1986, a Fanfarra Municipal é símbolo de cultura, disciplina e amor pela música em Albertina. Batizada em homenagem a José Francisco Donizete Sanches, a fanfarra representa o município em diversos eventos e desfiles cívicos há quase quatro décadas. Mais do que uma banda, a fanfarra é um espaço de formação cultural para crianças e adolescentes, promovendo o espírito de grupo, o respeito à história e o orgulho de representar a cidade.

Fanfarra Municipal José Francisco Donizete Sanches

Fanfarra Municipal Jose Francisco Donizete Sanches

Com 29 edições já realizadas, o Rodeio de Albertina é um dos eventos mais aguardados do ano. Mais do que um espetáculo, ele é uma festa que mobiliza toda a cidade e atrai visitantes de toda a região. Com provas, montarias, shows e comidas típicas, o Rodeio celebra as raízes do campo e a alma sertaneja da população albertinense, que vive e respira a tradição rural.

Rodeio de Albertina

RODIEO ALBERTINA MG

Albertina é terra de café. São mais de 1.000 produtores rurais — um número expressivo para uma cidade de pouco mais de 3.000 habitantes. O cultivo do café molda não só a economia, mas também a paisagem, o paladar e o modo de vida dos moradores. Muitas famílias produzem seu próprio pó de café artesanal, vendido na cidade e em regiões próximas. É comum ouvir que “a alma de Albertina tem cheiro de café passado”, e isso resume o quanto essa cultura está enraizada na história local.

Tradição do Café

CAFES DE ALBERTINA MG